Crianças com Dificuldades de Aprendizagem: Fatores, Causas e Caminhos de I

Tudo começa aqui: quando os desafios familiares e emocionais não são cuidados, o aprendizado da criança e seu desenvolvimento em todas as áreas ficam comprometidos.

🧩 Autor: André Luiz 🧘‍♂️ Projeto: Mente no Ritmo Certo

10/8/20253 min read

a man riding a skateboard down the side of a ramp
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Pergunta para Izabelle Scholze (neuropsicopedagoga, supervisora em escola pública)

"Pela sua experiência, dentro da rotina familiar observada ao longo dos anos de atuação, quais fatores você considera que mais impactam as crianças com dificuldades de aprendizagem?"

Resposta:
“Rotina, estímulo em casa; apoio e estilo de comunicação; ambiente emocional — os três impactam muito, como também o uso excessivo de telas. Hoje, a falta de dar autonomia para a criança dificulta muito também, que entra no item ‘apoio/comunicação’.”

Principais Fatores que Impactam Crianças com Dificuldades de Aprendizagem

1. Desorganização emocional

Crianças que não aprenderam a nomear ou lidar com suas emoções tendem a reagir de forma impulsiva ou agressiva. Isso dificulta concentração, autoconfiança e até a convivência escolar.

2. Rotina e estímulo em casa

Presença de horários previsíveis para tarefa, sono, alimentação; apoio para tarefas escolares; envolvimento dos pais. Rotinas consistentes ajudam a criança se organizar.

3. Estilo de comunicação / apoio familiar

Forma como os pais conversam, orientam, reforçam comportamentos. Se há diálogo aberto, limites claros e incentivo, o desenvolvimento flui melhor.

4. Ambiente emocional

Um lar estável, acolhedor, com segurança emocional; evitar conflitos constantes, estresse no ambiente familiar.

5. Fator socioeconômico

Muitas famílias, sobretudo em escolas públicas, vivem sob grande pressão para fornecer o básico (alimentação, moradia, trabalho). Isso limita o tempo e capacidade de dar suporte afetivo, supervisionar estudos ou oferecer recursos extras como reforço escolar ou psicoterapia.

6. Uso excessivo de telas

Distração, falta de limites, sobrecarga sensorial podem prejudicar atenção, sono, interações sociais e tempo de estudo.

Terapias e Intervenções Mais Viáveis Hoje

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) → ajuda no manejo emocional, autorregulação e reorganização do comportamento.

  • Neuropsicopedagogia → atividades pedagógicas adaptadas, jogos e ludicidade, respeitando o ritmo da criança.

  • Apoio escolar especializado → reforço, salas de recursos, professores de apoio.

  • Envolvimento da família → orientação, participação no planejamento das intervenções e comunicação com a escola.

  • Políticas públicas e apoio social → acesso a serviços de saúde mental, programas comunitários de suporte para famílias com menos recursos.

ALERTA IMPORTANTE

A maioria dos pais já percebe sinais de algo errado — notas caindo, dificuldade de manter atenção, comportamento impulsivo — mas muitos não sabem quais atitudes tomar ou acham que “esperar vai resolver”. A inação custa caro: quanto mais cedo se intervém, mais rápido a criança se desenvolve emocional e cognitivamente, e melhores são os resultados a longo prazo.

Influências em Crianças Carentes

Se os maiores casos vêm de crianças carentes, várias influências sociais e familiares podem impactar diretamente o aprendizado e comportamento:

  • Sexo precoce que gera maternidade e, muitas vezes, separação imediata, criando traumas de gestão solitária.

  • Depressão pós-parto e rejeição emocional à criança, agravadas pela falta de apoio familiar, especialmente quando a mãe é solteira.

  • Pré-natal inadequado ou negligenciado aumenta os desafios físicos e emocionais para mãe e filho.

  • Toda essa conjuntura torna a rotina e a atenção da criança um esforço contínuo, gerando déficits de atenção, comportamento imperativo, motricidade intensa e constante movimento.

O pedagogo tem um papel fundamental: auxiliar a escola a buscar o manejo mais adequado para seus diversos sujeitos, acolher, integrar, receber o aluno, organizar e acompanhar o professor e o ambiente.

O erro histórico tem sido tentar adequar as pessoas ao processo, prática que já vem se arrastando desde o século XIX. Talvez seja hora de mudar a perspectiva: a escola deveria se adaptar aos professores e alunos, e não o contrário. Essa inversão de lógica poderia gerar um impacto muito positivo, tornando o aprendizado mais inclusivo, funcional e humano.

Conclusão

O progresso rápido para crianças com desorganização emocional e dificuldades de aprendizagem não depende de um caminho único. É necessário:

  • Abordagem multidisciplinar (psicologia, pedagogia, neuropsicopedagogia)

  • Participação ativa da família

  • Escola comprometida e flexível

  • Suporte social e políticas públicas

  • Atenção ao contexto socioeconômico

Refletir sobre essas mudanças não é apenas uma questão pedagógica, mas social e política, e merece atenção de autoridades para implementar estratégias eficazes, especialmente em regiões com maior vulnerabilidade.

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