🧠 Desejo e Prazer na Beira do Abismo

O desejo que nos atrai para o perigo e o prazer que beira a ruína. A vertigem de se entregar à libertinagem e ao abismo da experiência extrema e transgressora.

✍️ Autor: André Nascimento Editado com base em neurociência, psicanálise e estudos sobre prazer e motivação humana.

11/1/20253 min ler

🌑 Introdução

O ser humano vive em constante tensão entre o que tem e o que deseja. O desejo é pendular — ele nunca repousa.
Quando alcançamos algo, a sensação de prazer logo se esvai, e um novo impulso surge, empurrando-nos para outro objeto. Esse movimento constante nos aproxima da beira de um abismo emocional, onde o prazer se mistura à ansiedade e o querer se torna prisão.

Mas o que a ciência e a psicanálise têm a dizer sobre isso? Por que desejamos sem parar — e por que o prazer parece nunca ser suficiente?

🧩 Títulos Alternativos

  1. Desejo e Prazer: quando o objeto se torna ponte para outro desejo

  2. O vazio do desejo: por que nunca nos satisfazemos totalmente

  3. O abismo invisível entre desejo e realização

  4. Do prazer à obsessão: o movimento eterno do querer

  5. A promessa do novo: prazer, desejo e a busca infinita

🔍 Subtítulos / Estrutura

  1. O que é o desejo — uma falta que move

  2. Prazer e desejo: dois polos do mesmo pêndulo

  3. O cérebro do prazer — dopamina e recompensa

  4. “Liking” e “Wanting” — gostar não é o mesmo que desejar

  5. O “objeto a” em Lacan — a causa invisível do querer

  6. Biologia da gratificação imediata

  7. O vício do novo — quando o prazer se torna vazio

  8. A busca de sentido — conter o abismo

  9. O poder do autoconhecimento

  10. Conclusão e crítica

🧠 1. O que é o desejo — uma falta que move

Na psicanálise, o desejo nasce da falta. Freud definiu-o como força que sustenta o psiquismo; Lacan o chamou de “o desejo do Outro”.
Desejar é buscar o que sentimos que falta em nós, mesmo sem saber exatamente o que é. É o que nos move — mas também o que nos inquieta.

🔄 2. Prazer e desejo: dois polos do mesmo pêndulo

Enquanto o prazer é o instante da realização, o desejo é o impulso que antecede e sucede o prazer.
Ele se move como um pêndulo: vai, retorna, e nunca encontra repouso. Quando o prazer termina, nasce o tédio — e logo, um novo desejo.

🧬 3. O cérebro do prazer — dopamina e recompensa

A neurociência mostra que o sistema mesolímbico é o circuito responsável pela motivação e prazer.
A dopamina atua não como a “molécula da felicidade”, mas como o mensageiro da expectativa.
Ela é liberada antes da conquista — e não durante. Por isso, o desejo é mais excitante do que o próprio prazer.
📖 Fonte: PubMed – Mesolimbic Pathway

💡 4. “Liking” e “Wanting” — gostar não é o mesmo que desejar

Pesquisas da Universidade de Michigan distinguem “liking” (gostar) e “wanting” (querer).
Gostar é sentir prazer. Querer é buscar o prazer imaginado.
Muitas vezes, queremos algo apenas pelo impulso — e quando conseguimos, o prazer real é menor do que o esperado.
📖 Fonte: PubMed – Liking vs Wanting

🧩 5. O “objeto a” em Lacan — a causa invisível do querer

Para Lacan, o “objeto a” é o que causa o desejo, mas nunca se deixa capturar.
É o vazio em torno do qual giramos.
Mesmo quando obtemos o que queríamos, esse objeto simbólico se desloca — e o desejo recomeça.
📖 Fonte: Objet petit a – ResearchGate

⚡ 6. Biologia da gratificação imediata

A biologia confirma que prazeres rápidos (comida, consumo, sexo, redes sociais) ativam o mesmo circuito de recompensa do cérebro.
Mas, com o tempo, o estímulo perde força — e o cérebro precisa de mais intensidade para sentir o mesmo prazer.
É assim que nasce o ciclo da compulsão: quanto mais prazer buscamos, menos prazer sentimos.

🔁 7. O vício do novo — quando o prazer se torna vazio

O desejo mata o objeto. Assim que conquistamos o que queríamos, ele perde o brilho.
Essa fome de novidade é o que move o mercado, o consumo e até os relacionamentos.
Mas também é o que destrói a capacidade de apreciar o que já temos.

🌱 8. A busca de sentido — conter o abismo

Encontrar significado é a única forma de conter o ciclo do desejo.
Quem vive apenas de prazer busca estímulo; quem vive de propósito busca direção.
O equilíbrio nasce quando o prazer deixa de ser fuga e passa a ser consequência da coerência com quem somos.

🪞 9. O poder do autoconhecimento

Práticas de terapia, psicanálise e meditação ajudam a reconhecer o movimento interno do desejo.
Observar sem julgar é o primeiro passo para não ser arrastado pela onda.
O desejo não precisa ser negado — ele precisa ser compreendido.

🔚 10. Conclusão e Crítica

O desejo é o motor da vida, mas também o abismo em que muitos caem.
A consciência desse movimento nos dá poder: quando entendemos que o prazer é breve e o desejo é eterno, passamos a viver com menos ansiedade e mais presença.

Porém, é preciso reconhecer um limite importante — nem todos conseguem sustentar essa consciência sozinhos.
Vivemos em uma cultura de consumo que reforça o ciclo do desejo sem oferecer espaço para pausa, reflexão ou autocuidado.
Terapia, espiritualidade e educação emocional deveriam ser mais acessíveis, para que todos possam transformar o desejo em crescimento, não em culpa ou vazio.

Assim, compreender o desejo é também um ato social: entender como ele é manipulado, e resgatar o poder de decidir o que realmente vale a pena desejar.

🔗 Fontes de Pesquisa

  • Pleasure Systems in the Brain — National Institute of Health (PubMed)

  • Dopamine: The Currency of Desire — Scientific American (Link)

  • Objet petit a in Lacanian Theory — ResearchGate (Link)